09 julho 2007

QUILOMBINHO



Crianças e adolescentes quilombolas reivindicam mais assistência para comunidades


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Juliana Andrade Repórter da Agência Brasil
Roosewelt Pinheiro/ABr

Brasília - 1º Encontro Nacional de Crianças e Adolecentes Quilombolas ( 1º Quilombimho) Brasília - Cerca de 100 meninos e meninas quilombolas participam esta semana do 1º Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas. Hoje (2), na abertura do encontro, realizada no Palácio do Planalto, Gabriele Araújo, 10 anos, pediu mais atenção para os problemas enfrentados nas comunidades remanescentes de quilombos."Não viemos aqui passear, nem brincar", avisou Gabriele, que mora no Quilombo Araújo Ribeiro, área rural do Mato Grosso do Sul. “A gente veio resgatar o nosso lugar.”Até amanhã (3), crianças e adolescentes de 60 comunidades quilombolas de 22 estados vão discutir propostas para assegurar os direitos de crianças e adolescentes quilombolas à educação, à saúde, à segurança alimentar, ao esporte e ao lazer, assim como a sua participação nas instâncias políticas.Como resultado dos dois dias de debates, será elaborada a Carta dos Adolescentes e Crianças Quilombolas. A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) estima que existam em todo o país cerca de 900 mil crianças quilombolas de até 17 anos.Na avaliação do representante da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) Jhonny Martins, é preciso formular políticas públicas específicas para mudar o quadro de exclusão. "A gente pensa sempre em políticas para as comunidades quilombolas, mas especificamente para as nossas crianças quilombolas a gente ainda não tem nada concreto”, destaca Martins.De acordo com ele, as crianças quilombolas têm necessidades que precisam ser levadas em conta na hora de se definir as ações. Um exemplo disso é a área de segurança alimentar. Uma em cada dez crianças quilombolas está desnutrida, segundo o estudo Chamada Nutricional, feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social e pela Seppir, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).A pesquisa também mostra que a proporção de crianças quilombolas desnutridas com até 5 anos de idade é 76,1% maior que a média das crianças brasileiras e 44,6% maior que na população rural. Além disso, 11,6% dessas crianças têm altura inferior aos padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).Quase todas (90,9%) vivem em domicílios com renda familiar inferior a R$ 424 por mês; mais da metade (57,5%), em lares com renda total menor de R$ 207. Somente 3,2% moram em residência com acesso à rede pública de esgoto."Todos os recursos que vão para a gente demoram muito a chegar até as comunidades quilombolas, é por isso que estamos lutando para que as próprias comunidades sejam protagonistas do seu próprio recurso e possam organizar essas transferências”, destacou o representante da Conaq.A ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, disse que as propostas do encontro desta semana poderão ser incorporadas às ações da secretaria. “A partir da coordenação que a Seppir faz do programa Brasil Quilombola, poderemos ter esse desenvolvimento junto aos outros órgãos do governo federal e demais instâncias”, prevê.De acordo com a ministra, uma das linhas de ação do programa é o Projeto Zanauande (que na língua Yorubá significa criança muito esperada), desenvolvido desde 2002 em parceria com a Conaq e o Unicef. O objetivo do projeto é mobilizar esforços para superar os problemas enfrentados pelas crianças e adolescentes quilombolas. “Nós estamos agregando essa agenda a toda ação desenvolvida pelo governo federal e na parceria com os governos estaduais."

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