21 setembro 2012

"Não sei" é pouco.

O escritor Fernando Veríssimo externou sua inquietação em relação à obra "As caçada de Pedrinho" do Monteiro Lobato. A sua filha ficou com vergonha de ler para a neta que Tia Anastácia parecia uma macaca subindo em árvores. Seus argumentos: a obra é datada e vale pela literatura, algo como ressuscitar obras nazistas porque esteticamente eram boas? Ou, pior, "era tudo inocente, baseado em preconceitos herdados e em hábitos culturais que ninguém questionava, já que era humor, não era por mal". Aí sou eu é que "não sei".


Se o Veríssimo não sabe, nós sabemos.
E o escritor gaúcho precisa ler na história que Monteiro Lobato sabia do que escrevia sim. 
basta ler o trabalho do historiador Thomas Skidmore (Preto no Branco. CIA das Letras, 2012: pg.252) para constatar que o Brasil racista sempre teve seus intelectuais. 

"Num desfile, à tarde (pelo Rio de Janeiro) perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas - todas menos a normal. Como consertar esta gente? que problemas terríveis o pobre negro da África nos criou, aqui na sua inconsciente vingança! talvez a salvação venha de São Paulo e outras zonas que intensamente se injetam de sangue europeu. os americanos salvaram-se da mestiçagem com a barreira do preconceito racial. Temos também aqui esta barreira, mas só em certas classes e certas zonas. No Rio não existe." 

(Segundo Skidmore, estas cartas foram excluídas da versão publicada em "Obras completas".

Quanto ao STF ser envolvido na polêmica e ser criticado pelos jornais e revistas trata-se de um tema relevante para a sociedade. se um grupo não se afeta com o tema, é porque não tem sensibilidade para isto e, como ninguém é obrigado a ser sensível, trata-se de Justiça.

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