21 dezembro 2012

Exposição fotográfica: O corpo da Luta

Exposição retrata minha etnografia com os quilombolas capixabas.
Museu Capixaba do Negro, Vitória-ES de 12 de dezembro de 2012 a 13 de março de 2013


O corpo quilombola carrega as marcas da sua história. Sua origem e seu destino estão entrelaçados pelo dia a dia da vida, das lutas, das vitórias e desafios. O corpo é a identidade quilombola.

Os quilombolas no Espírito Santo manifestam suas crenças e seus direitos por meio do corpo. A memória dos ancestrais é incorporada na alegria e nas lutas contra a injustiça. O corpo está ali, sempre nos lembrado de sua vitalidade.

As entonações dos cantos, ladainhas, versos e “brincadeiras” constroem uma comunidade afetiva, unida pela experiência comum. As mãos habilidosas e carinhosas fazem o Beiju e tiram o azeite de Dendê para alimentar o corpo e a alma.
Esta experiência é compartilhada nos gestos, nas falas ou simplesmente na cumplicidade de quem sabe sua origem comum. De quem reconhece o tempo ao olhar a palma das mãos.

Mas este corpo que festeja também reivindica seus direitos. Ele ocupa plenários, as ruas, os eventos políticos e as marchas por direitos. Este é um corpo que construiu os significados da liberdade pela persistência em que desafia, com silêncio ou com a palavra, o pensamento que quer o cativeiro do corpo.
O corpo quilombola é o pensamento ancestral da liberdade. O corpo é eleito pelos quilombolas como o suporte da identidade, o corpo que cresce e se transforma. O corpo da luta.

As 120 fotos foram escolhidas do acervo de oito anos de trabalho com os quilombolas. Optou-se por acompanhar cronologicamente o cotidiano dos quilombolas, mas também tratar temas como trabalho, mulheres, manifestações políticas e organização política. Há fotos de autoria de Sandro Silva, Domingos Firmiano e Bianca Blandino. Pretende-se que a exposição seja também marcada pela oralidade dos quilombolas, por meio de rodas de conversa, debates e mostra de filmes.

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