Exposição retrata minha etnografia com os quilombolas capixabas.
Museu Capixaba do Negro, Vitória-ES de 12 de dezembro de 2012 a 13 de março de 2013
Museu Capixaba do Negro, Vitória-ES de 12 de dezembro de 2012 a 13 de março de 2013
O corpo quilombola
carrega as marcas da sua história. Sua origem e seu destino estão entrelaçados
pelo dia a dia da vida, das lutas, das vitórias e desafios. O corpo é a identidade
quilombola.
Os
quilombolas no Espírito Santo manifestam suas crenças e seus direitos por meio
do corpo. A memória dos ancestrais é incorporada na alegria e nas lutas contra
a injustiça. O corpo está ali, sempre nos lembrado de sua vitalidade.
As entonações
dos cantos, ladainhas, versos e “brincadeiras” constroem uma comunidade
afetiva, unida pela experiência comum. As mãos habilidosas e carinhosas fazem o
Beiju e tiram o azeite de Dendê para alimentar o corpo e a alma.
Esta
experiência é compartilhada nos gestos, nas falas ou simplesmente na
cumplicidade de quem sabe sua origem comum. De quem reconhece o tempo ao olhar
a palma das mãos.
Mas este
corpo que festeja também reivindica seus direitos. Ele ocupa plenários, as
ruas, os eventos políticos e as marchas por direitos. Este é um corpo que
construiu os significados da liberdade pela persistência em que desafia, com
silêncio ou com a palavra, o pensamento que quer o cativeiro do corpo.
O corpo
quilombola é o pensamento ancestral da liberdade. O corpo é eleito pelos
quilombolas como o suporte da identidade, o corpo que cresce e se transforma. O
corpo da luta.
As 120
fotos foram escolhidas do acervo de oito anos de trabalho com os quilombolas. Optou-se
por acompanhar cronologicamente o cotidiano dos quilombolas, mas também tratar
temas como trabalho, mulheres, manifestações políticas e organização política.
Há fotos de autoria de Sandro Silva, Domingos Firmiano e Bianca Blandino.
Pretende-se que a exposição seja também marcada pela oralidade dos quilombolas,
por meio de rodas de conversa, debates e mostra de filmes.
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