27 abril 2006

Líderes ciganos levam ao governo reivindicações de inclusão social



Reconhecimento de cidadania, divulgação cultural, atendimento em saúde e educação foram algumas das reivindicações apresentadas por líderes ciganos em reunião realizada ontem (21) no Palácio do Planalto. Organizado pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do encontro participaram representantes de 12 ministérios e de comunidades ciganas das regiões Sudeste, Sul e Nordeste. Entre as propostas para melhorar as condições de vida, os ciganos incluíram o reconhecimento como cidadãos brasileiros. "O ciganinho que nasce debaixo de uma tenda, nasce primeiro brasileiro e é essa a nossa reivindicação, porque todos os projetos de inclusão social e distribuição de renda não chegam aos ciganos", informou Cláudio Iovanovitchi, presidente da Associação de Preservação da Cultura Cigana do Paraná (Apreci/PR) e membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial.Segundo Iovanovitchi, o governo federal, ao ouvir os problemas dos povos ciganos, oferece a eles a oportunidade de contar a própria história. Eles apresentaram a proposta de que o Ministério da Cultura seja responsável pela geração de conhecimento. E um grupo de trabalho já foi criado no âmbito do ministério com o objetivo de discutir a cultura desses povos. Em relação à cidadania, foram propostas ao Ministério da Justiça soluções para a questão da documentação. Na área de saúde, segundo Cláudio Iovanovitchi, "os hospitais não atendem os ciganos nas cidades por onde andam, porque eles não têm CEP (Código de Endereçamento Postal), não moram na cidade e por isso não têm direito às verbas do governo federal, que são distribuídas para as cidades". A proposta feita ao representante do Ministério das Cidades é a de que sejam abertos espaços para os acampamentos nos municípios com mais de 100 mil habitantes, para que os ciganos possam usufruir da infra-estrutura local. Ao Ministério da Educação, uma das reivindicações é de alfabetização bilíngüe a distância e em vídeo. "Nós já temos ciganos pedagogos que vão propor projetos e isso cabe para o mundo todo, porque a língua cigana é única no planeta", informou Iovanovitchi. A cigana Márcia Yáskara Guelpa, vice-presidente da Apreci/SP e do Centro de Estudo e Discussão Romani (Cedro) destacou a depreciação do povo cigano nos livros escolares e o preconceito com as crianças ciganas na escola. "É preciso que as outras crianças respeitem as diferenças das crianças ciganas, que se sentem intimidadas e não querem ir para a escola", disse. E completou: "Nossas diferenças não podem ser encaradas como desigualdade".Guelpa estima que cerca de 500 mil ciganos estejam vivendo no Brasil, oriundos das três etnias existentes: Rom (proveniente do leste europeu), Sinti (da França, Itália e Alemanha) e Kalom (da Península Ibérica).
Assessoria de Comunicação Social - Seppir / PR

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