01 abril 2007

Semi-escravidão no Espírito Santo?

O jeitão da Aracruz lidar com o grupos étnicos no Espírito Santo - com a complacência do poder público e com o apagão da mídia - parece que ganha terreno a cada dia ("terreno" não é "modo de dizer")
Após tratar os Tupinikim/Guarani como "parte" na disputa pelas terras, a empresa tomou gosto e recusa a indentidade quilombola, preferindo tratá-los como semi-escravos na limpeza de suas plantações: o nome do projeto e "bons vizinhos".
Brasília sempre foi o lugar preferido para "resolver" os "negócios".
Não seria diferente agora.

Quilombolas: reunião sobreindenização muda para Brasília
(Matéria de autoria de Flávia Bernardes)
A reunião que definirá o valor da indenização da Aracruz Celulose a 459 famílias quilombolas catadoras de resíduos, e que seria realizada no norte do Estado, foi transferida para Brasília. Marcada inicialmente para o próximo dia 9, também foi desmarcada e não há previsão de quando acontecerá. Os quilombolas estão inseguros e desconfiam de uma manobra da empresa. Com a mudança do local, a comunidade está apreensiva e temendo que a reunião em um local tão afastado da comunidade possa prejudicá-los. Eles cobram a participação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da presidência da República. Segundo o subsecretário de Direitos Humanos do governo federal, Perly Cipriano, essa secretaria também é responsável por questões quilombolas através do setor chamado de Trindade. Segundo os quilombolas, apenas dois representantes foram convidados para participar da reunião em Brasília entre a Fundação Palmares e a Aracruz Celulose.Eles afirmam que a reunião em Brasília é desnecessária e não entendem a mudança, que não foi justificada para as famílias quilombolas. Além disso, demonstram insegurança quanto à negociação entre a Fundação Palmares e a empresa. Alertam que alguns quilombolas foram censurados pela própria fundação por se posicionarem através deste Século Diário, o que, para eles, demonstrou receio de que as intenções da empresa fossem divulgadas. A indenização proposta pela Aracruz Celulose - ainda sem valor definido - diz respeito ao descumprimento do convênio por parte da transnacional que permitia a cata dos restos de eucalipto pelas famílias quilombolas. O convênio entre as partes foi quebrado depois que a empresa passou a catar os resíduos, deixando apenas gravetos muito finos para os quilombolas. Segundo eles, a empresa vinha enchendo caminhões e vendendo os resíduos a terceiros. Segundo as famílias prejudicadas, o boicote gerou dívidas para as famílias que vinham investindo neste trabalho. Os quilombolas deverão se reunir na próxima semana para fazer um levantamento dos gastos com compras de tratores e motosserras e propor o valor da indenização. A indenização proposta pela empresa diz respeito apenas ao descumprimento do convênio e não à luta quilombola pelas terras tradicionais utilizadas pela empresa. Eles ressaltam que a terra é um direito adquirido e que a luta só acabará quando suas terras forem devolvidas. O convênio entre as partes existe há quatro anos e os quilombolas lucravam em média R$ 300,00 a cada dois meses com a cata de resíduos. Eles lembram que sem os resíduos as comunidades começam a passar necessidades, pois não possuem mais terras para plantar. Estas comunidades estão em luta para recuperar o seu território no Espírito Santo, o que é assegurado pelo decreto 4887/2003, para não dependerem mais da empresa e resgatarem suas raízes. Além da Aracruz Celulose, empresas que produzem açúcar e álcool e fazendeiros ocupam o território quilombola no Estado. Com isso, as comunidades não têm terra para plantar e acabam trabalhando na cata de resíduos de eucalipto para a obtenção de carvão.

Nenhum comentário: