12 novembro 2008

Identidade capixaba verde

Flavia Bernardes

A abertura oficial da Feira do Verde foi cancelada, depois que 60 manifestantes vestidos de eucalipto ocuparam, na noite desta terça (11), a área do evento, portando faixas e repetindo gritos de “Farsa do Verde”.
O protesto denunciou a atuação das poluidoras, deixando constrangidos os políticos e representantes de empresas presentes à solenidade.Deveriam subir ao palco para a abertura do evento o prefeito de Vitória, João Coser (PT), o secretário estadual de Agricultura, César Colnago, o deputado e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, Reginaldo Almeida (PSC), entre outros representantes da prefeitura e do Estado. Entre eles, estava ainda o deputado Cláudio Vereza (PT), que declarou que a manifestação já era esperada.“É importante que a prefeitura garanta o direito ao contraponto, como fez com a Feira do Lado B”, disse ele, enfatizando o espaço reservado para o espaço alternativo dedicado aos ambientalistas este ano.Durante a panfletagem pela feira, os manifestantes contaram com o apoio da população. Alguns até aderiram ao movimento ao colocaram as máscaras de proteção no rosto, como usavam os manifestantes, para mostrar insatisfação em relação à poluição do ar emitida por empresas como ArcelorMittal (CST e Belgo) e Vale, umas das poluidoras que patrocinam o evento, além da Samarco.Mesmo com a solenidade cancelada, os manifestantes circularam panfletando pela feira e erguendo as faixas de protesto com os dizeres: “Mentira”, “Anchieta quem ama cuida! Xô Baosteel”, “Eucaliptos não fazem florestas”, entre outros.Este foi o quarto ano em que a Brigada Indígena organizou o protesto contra a feira, classificada como o maior evento ambiental do Espírito Santo, embora seja mantida pelas empresas que acumulam o maior passivo ambiental no Estado.Durante todos os dias da feira, que vai até o próximo domingo (16), os manifestantes prometem manter a panfletagem que alerta sobre a atuação das poluidoras no Espírito Santo. Segundo a Brigada Indígena, com a participação dessas empresas, o evento deixa de expor os verdadeiros impactos ambientais, promovendo uma espécie de marketing ambiental que só engana a população.
A Brigada Indígena é um grupo de apoio à causa indígena Tupinikim e Guarani do Estado, formado por universitários e ativistas de diversas áreas e posições políticas, preocupados com o futuro e a saúde do planeta.
Feira do Lado B
Uma outra forma de rebater a imagem vendida pela Feira do Verde sobre as grandes poluidoras, também será utilizada pela Feira do Lado B, que ocupa um espaço reservado na Praça do Papa.
A Feira do Lado B é considerada uma conquista da sociedade, que poderá através de um espaço com 15 estandes, obter informações necessárias sobre os verdadeiros problemas ambientais no Estado, assim como quem são os seus responsáveis.
A intenção, segundo Carta Aberta divulgada pelos idealizadores da feira alternativa, é permitir, no futuro, que a administração municipal possa evoluir para a construção de políticas públicas na área ambiental, com a participação efetiva dos movimentos sociais e ambientais municipais e estaduais, traçando um perfil de participação popular na Feira do Verde. Entre as atividades do “Lado B”, está uma vigília nesta sexta-feira (14), como ocorrerá em todo o país, em alerta quanto à reunião do G20 (novo fórum entre os principais países industriais e emergentes do mundo em prol da promoção da estabilidade financeira internacional), que se reunirá no dia 15, em Washington.
Além disso, haverá aula de yoga pela manhã; oficinas de acrobacias para crianças e de música; palestras sobre o rio Santa Maria; economia solidária; gestão de cidades; apropriação de áreas costeiras; a real situação da baía de Vitória; rios e lagoas estaduais, agroecologia, entre outros.

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