29 janeiro 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button

O tempo é a obsessão humana. O tempo que se foi e o que virá. O tempo presente, a vida presente, os homens presentes não são matéria de nossas preocupações.
No filme Benjamin Button a metáfora do tempo é obra interessante porque mostra que a vida é inevitável. Mas, e se o relógio andasse para trás? E se pudéssemos voltar no tempo? Faríamos tudo diferente. No filme o relógio volta, ao menos para Benjamin.
Mas isso não adianta nada. À sua volta as pessoas continuam a morrer, os encontros e desencontros continuam a acontecer. Os amores vão e vem. Porque esta é a matéria da vida. Fora da crônica dos encontros não há vida.
Contamos o tempo na carne e nos ossos de nossa viajem. Presos no tempo presente só conseguimos imaginar o amanhã e pensar de forma caricatural o que foi o ontem. Entre o sonho e a caricatura, escorre o tempo. Benjamin viaja ao contrário no tempo, mas sua experiência é igual a de todos: presenciar morte.
A trama do filme é dar sentido à vida, deixar transcorrer as experiências, amar, ser amado. Mas isso parece às vezes impossível porque o tempo surge como uma sombra: perder tempo, economizar tempo, matar o tempo, poupar, investir.
O mundo caduco de que falava Drummond é este mundo fora do tempo presente, dos encontros, da conversa. Um mundo esvaziado de diálogo e cheio de fala que não se encontra porque, na mesma direção, têm os olhos como paralelas voltadas para o infinito.
Quem olhar o bater das asas do colibri, o tempo de um amor, ou o tempo do último suspiro humano verá que o antes e o depois são fluxo. O tempo não é cativo, mas nosso desejo de aprisioná-lo nos faz. Enquanto enredamos nossas vidas, o tempo transcorre.

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